CAPÍTULO VII - REVOLUÇÃO VERDE E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS


Olá, terráqueos! Neste artigo, apresentaremos o processo da revolução verde, iniciado na segunda metade do século XX, e seus diversos efeitos na produção mundial de produtos agrícolas, populações antrópicas e no meio ambiente.




  • REVOLUÇÃO VERDE E SUAS CONSEQUÊNCIAS
  A revolução verde iniciou-se na segunda metade do século XX com o objetivo de aumentar o contingente de produção agrícola, utilizando mecanização da mão de obra campestre (colheitadeira, tratores etc.) e aditivos químico-artificiais como fertilizantes nitrogenados e inseticidas agrotóxicos. Todo esse movimento agroempresarial tinha como objetivo principal a ascensão exponencial das vendas de alimentos primários em larga e mundial escala (agronegócio em nível global, típico da contemporaneidade plenamente globalizada). Ao público geral pareceu ser um movimento de combate à fome no mundo - apesar de não ser a meta necessária dos agroempresários, esse poderia ser, sim, um efeito plausível da mudança na técnica de agroprodução. E, sem dúvidas, significativa parte das metas necessárias e contingentes foram atingidas: a fome no mundo diminuiu em partes, a produção alimentícia cresceu absurdamente, assim como os lucros do agronegócio. A quantidade de cereais, por exemplo, mais que dobrou entre os anos 1961 e 1985, como constata o pesquisador britânico Gordon Conway em seu artigo científico "The doubly green revolution: food for all in the twenty-first century".  O mesmo ocorreu com o milho, o arroz e o trigo - sendo este crescimento diretamente relacionado com o uso de fertilizantes sintéticos, pesticidas e o melhoramento das técnicas de irrigação das plantações. O resultado obtido permitiu mostrar o quão errado estava o cientista social Thomas Malthus quando afirmou que a população mundial de seres humanos aumentaria tanto que haveria ausência de alimento para os mesmos, não haveria plantação suficiente para satisfazer a todos.
  O fato é que, realmente, não há inexistência de alimento; ao contrário, há excesso desse. Contudo, ainda há pessoas malnutridas pela Terra - mesmo essa porcentagem tendo diminuído bastante desde o início da revolução verde, ainda há muito a ser resolvido. Isto é, crescimento da produção alimentícia não significa diretamente diminuição da fome. As confirmações para isso podem ser observadas em nosso própio país, Brasil, que mesmo sendo um dos maiores agroprodutores do mundo, ainda possui muita malnutrição. Essa mesma abundância excessiva de alimentos gera outros problemas sociais tão sérios quanto a fome, como a obesidade endêmica (muito presente nos Estados Unidos da América, por exemplo).
  A utilização dos agrotóxicos também cria um enorme impacto negativo na saúde da humanidade. A exposição a longo praso a substâncias tóxicas como organo-haletos e sulfatos pode gerar diversos tipos de câncer e degradação celular. Pesquisas mostram conexões diretas entre linfomas e leucemias, e herbicidas ácidos utilizados amplamente. Um caso muito conhecido e polêmico foi a amplificação dos casos de câncer na região de Punjab, na Índia - ocorrência tal que foi comprovadamente relacionada ao início do uso de agroquímicos artificiais nas plantações das comunidades locais. O Brasil, atualmente, é um dos países que mais utiliza pesticidas em sua agricultura.


















  Além de seus efeitos sociais, a revolução verde trouxe diversas consequências ao solo, à fauna, à flora e aos corpos d'água naturais, porém somente negativas. O uso excessivo de inseticidas, herbicidas e nitrofertilizantes sintéticos (grupos de substâncias conhecidas popularmente como "agrotóxicos") prejudica o solo e afeta a biodiversidade dos ecossistemas naturais próximos às plantações, além de poluir rios e lagos, matando grande quantidade de animais aquáticos. E, com o tempo, um solo superutilizado vira ineficiente e inútil, tornando-se desértico. Este processo de desertificação de terras férteis pode ser observado no sul da floresta amazônica, onde as terras desmatadas ilegalmente tornam-se cerrado após curto período de exploração agropecuária, como apontam diversos institutos de pesquisa ambiental, como o Imazon. A atmosfera terrestre também é muitíssimo afetada negativamente com o atual modo de produção: a emissão de gases do efeito estufa vem subindo cada vez mais, entre outros motivos, pela alta taxa de queima das plantações e decomposição de matéria orgânica (liberando gases como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4)).







  • ALTERNATIVAS SOCIOAMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEIS
  Uma alternativa ao status quo é a agricultura "orgânica", ou seja, que não depende da utilização de substâncias agroquímicas para a produção agroalimentícia. Cooperativas de agricultores orgânicos como a COOPEG Orgânicos mostra claramente como se pode produzir em escala relativamente grande alimentos primários sem agrotóxicos, cujos locais de venda vão desde feiras dominicais a seções exclusivas em hipermercados como o Zaffari, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Tais iniciativas privadas conseguem conciliar lucro com sustentabilidade socioambiental: a ausência de agrotóxicos permite diminuição substancial no impacto ambiental do agronegócio e ainda melhor condições de trabalho aos funcionários, que passam a ter exposição nula a esses compostos nocivos à saúde animal. Além disso, o mercado fica muito mais rico de produtos (a diversidade de produtos é típica da agricultura orgânica) e possibilita uma alimentação menos tóxica à população. 





  Porém, infelizmente, esses produtos são caros e de difícil acesso para a maioria da população. Isso acontece, principalmente, pois a produtividade é menor do que a de um fruto que carrega os efeitos de um fertilizante, espantando pragas e insetos que se alimentam deste, e também, porque há uma exploração do mercado, transformando-o em um produto elitizado, que será consumido por aqueles mais informados e/ou que têm mais recursos. Mas em todo caso, este é o caminho que devemos seguir; iniciativas e ideias inovadoras são sempre bem-vindas com o objetivo de melhorar o mundo. E é aos poucos que vamos nos estabilizando com uma nova realidade.




Um comentário:

  1. Gente, parabéns pela ótima postagem! Texto super bem escrito e as animações super críticas e atuais! Bjão!

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